No episódio anterior, um grupo de jornalistas reunidos para uma conversa de bar em Recife segue a rotina de suas vidas sem saber que estão prestes a mergulhar num pesadelo inesperado capaz de colocar em risco o futuro de todos em Libertad Cero.
Leia aqui a introdução. Leia também o Episódio 01.
Episódio II – Os minutos finais de abril
Complexo Salgadinho – Olinda – 23:32
Sérgio Nabuco consegue finalmente uma cadeira para sentar depois de ficar um tempo em pé no ônibus que segue para Olinda. Exausto por enfrentar um dia difícil no trabalho, ele saboreia o alívio de conseguir uma cadeira vazia. Sérgio cobriu a coletiva do Ministro dos Esportes, no Centro de Convenções, pela manhã e conversou com a Governadora do Estado, Emília Marques, durante a inauguração de um hospital em Casa Amarela, horas depois. Apesar do rosto jovial, os cabelos brancos e os sinais de calvície de Sérgio denunciam o oposto. Os óculos de lentes retangulares, a caneta no bolso da camisa listrada e o calhamaço de papéis e jornais de baixo do braço, completam a imagem clássica do jornalista.
Ao olhar para o relógio, Sérgio sente um calafrio. Deveria ter ligado para a esposa, avisando que chegaria mais tarde. Ele imagina a cena entrando em casa e a esposa questionando sua displicência. E logo tira o celular do bolso. Depois de digitar alguns números, o celular indica não ter sinal para ligar. Agora, Sérgio relaxa. Pelo menos, ele pode jogar a culpa no aparelho por não ter ligado. Ao tentar sintonizar uma rádio pelo celular, ele também não consegue.
Droga! Nada está funcionando. Deve ser esse aparelho. Como vou encontrar uma assistência técnica no feriado? Só vou poder ver isso na segunda. Seguir o resto da viagem sem música é um saco. Pelo menos, a noite promete terminar tranqüila.