O diretor James Cameron realizou o maior sucesso de bilheteria de todos os tempos, Titanic (Idem, 1998), mesmo depois de consagrado com filmes como Aliens, O Exterminador do Futuro, O Segredo do Abismo e True Lies. Entretanto, Cameron passou mais de uma década sem realizar filme algum após Titanic. Seu próximo projeto, a ficção científica Avatar tem lançamento previsto para 2009. Durante esse tempo distante das telas, o diretor realizou alguns documentários e trabalhos para a televisão. Mas o principal motivo do afastamento de Cameron, nos últimos anos, pode salvar Hollywood da guerra contra a pirataria. O Cinema 3D Digital.
Não confundir com as animações 3D, ou tridimensionais como Shrek, Incríveis ou Era do Gelo. O truque ótico conhecido como Terceira Dimensão não é novo. Era uma técnica usada nos anos 50 com relativo sucesso em que o público, com o uso de um óculos feito de plástico e papelão, enxergava pessoas e objetos saltarem da tela. Os projetores das salas de cinema precisavam ser adaptados para o truque funcionar. Com o tempo, os filmes abandoram essa técnica porque os óculos eram incômodos para a platéia, as adaptações onorosas para as salas de cinema e os roteiros dos filmes 3D eram toscos. Meros veículos para destacar o 3D. O que afugentava o público. Cada vez menos filmes insistiam em utilizar o recurso nas décadas seguintes.
Entretanto, James Cameron recriou a tecnologia com a ajuda dos recursos digitais de hoje e desenvolveu o Ultimato 3D, aliando o processamento digital, alta definição e os mesmos truques óticos capazes de fazer os astros e objetos saltarem da tela. Também finalizou um método para converter os filmes já realizados antes em produções 3D. Os diretores ficaram empolgados com os resultados alcançados e isso chamou a atenção dos grandes estúdios. Como resultado, nomes como Steven Spielberg, seu sócio Jeffrey Katzenberg, George Lucas e Peter Jackson, pretendem investir pesado na nova tecnologia. Lucas vai transformar todos os filmes Guerra nas Estrelas em 3D para relançar nos cinemas. Peter Jackson fará o mesmo com King Kong e Senhor dos Anéis. Katzenberg, grande defensor e divulgador da nova tecnologia, decidiu que todas as futuras animações da Dreamworks serão produzidas em 3D. O próprio Cameron, naturalmente, realiza seu Avatar todo em 3D.
Uma nova roupagem para o velho 3D
O diretor Robert Rodriguez experimentou a nova versão da tecnologia em Pequenos Espiões 3 e As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl. A nova aventura de Branden Fraser, Viagem ao Centro da Terra (Journey to the Center of the Earth, 2008) também flerta com o novo recurso. Mas o principal lançamento, capaz de impulsionar o uso do 3D em Hollywood será realmente o próximo filme do Cameron, Avatar. Empolgado, o diretor explica sobre o nível de controle atigindo com a nova técnica: “É a mais pura criação onde, se quiser, você pode mover uma árvore, montanha ou o céu e mudar a hora do dia. Você tem o controle completo de todos os elementos da produção. Avatar fará Titanic parecer um piquenique”, sentencia Cameron. Katzenberg vai mais longe. “Acho que depois de um razoável período de tempo, todos os filmes serão feitos em 3D. Quando as platéias perceberem como a técnica é excepcional e os cineastas entenderem como a experiência que eles podem oferecer ao público será ampliada, os filmes bidimensionais (os atuais) serão coisa do passado. Essa é a mudança mais revolucionária desde a chegada dos filmes coloridos”.
O nome Jeffrey Katzenberg não é conhecido do público, mas exerce grande influência nos bastidores de Hollywood. Katzenberg usa essa influência para defender o novo sistema 3D Digital de alta definição. Sua decisão de realizar todas as futuras animações da DreamWorks em 3D Digital serve como grande alavanca para impulsionar a nova tecnologia. Uma demonstração realizada por Katzenberg durante uma conveção de televisão em Amsterdam, Holanda, para cerca de mil delegados, todos usando os novos óculos 3D, foi um grande sucesso. O auditório explodiu em aplausos desde a primeira cena apresentada. O executivo foi um dos principais responsáveis pela elevação de qualidade das animações da Disney no final dos anos 80 com A Pequena Sereia (The Little Mermaid, 89) e também cuidou da produção de A Bela e a Fera e Aladdin. Ao ser demitido da Disney em 1994, entrou em parceria com Steven Spielberg e David Geffen para criar o próprio estúdio, a DreamWorks. Katzenberg ficou encarregado pela divisão de animação do estúdio e produziu grandes sucessos como O Príncipe do Egito e Shrek, podendo rivalizar com a Pixar e seus antigos patrões da Disney. As próximas animações da DreamWorks serão Monstros Vs. Aliens (Monsters vs. Aliens, 2009) e o quarto Shrek e ambos já trabalham com 3D.
O filme de Cameron, Avatar, usará todos os elementos clássicos do diretor reunidos com a intenção de ser o maior sucesso de todos os tempos. Um épico de ação e ficção científica com alta tecnologia, cenas aquáticas, mensagem ecológica, atores de peso e jovens promissores como Sigourney Weaver (Alien), Michelle Rodriguez (Lost) e Giovani Ribisi (Resgate do Soldado Ryan). Na trama, um veterano de guerra paraplégico faz parte da tripulação que encontra o planeta Pandora, rico em biodiversidade exótica. Eles entram em contato com uma raça humanoide, os Na’vi, e descobrem que o planeta pode colocar em risco a existência do universo. Os custos de produção de Avatar superaram os US$ 300 milhões, por enquanto. Mas orçamentos estourados também são elementos rotineiros na carreira de James Cameron. Entretanto, na matemática de Hollywood, um filme precisa arrecadar três vezes o que gastou para ser considerado um sucesso. Portanto, o filme de Cameron precisa, obrigatoriamente atingir a marca de US$ 900 milhões, para começar a lucrar. A tarefa não é fácil, mas se depender do 3D e do talento de Cameron, o sucesso está garantido.
2009 – Uma Odisséia 3D Contra a Pirataria
Hollywood sofre grandes derrotas na luta contra a pirataria. Câmeras e celulares com filmadoras são cada vez mais acessíveis ao público que entram nas salas de cinema e registram seus filmes favoritos para soltarem na Internet. Então, milhões de usuários no mundo inteiro fazem cópias dos filmes e assistem nos seus computadores e aparelhos de DVD, antes mesmo do lançamento dos filmes nos cinemas, resultando em bilhões de dólares em prejuízo. A esperança com o novo recurso é deixar de sofrer com a pirataria. O uso do 3D Digital nos cinemas, depende de salas equipadas e platéias com os óculos específicos. Com isso, ninguém poderá ver esses filmes em casa. Além disso, as câmeras e celulares não conseguirão registrar as imagens borradas dos filmes em 3D nas telas dos cinemas. Só será possível vislumbrar o filme na tela corretamente com os óculos para compor o truque ótico da Terceira Dimensão. Mas nem toda sala de cinema está preparada para exibir filmes 3D. Dados da consultoria Screen Digest revelam que atualmente existem apenas 6.440 salas 3D no mundo. Essa transição será gradual. Logo, quem quiser testemunhar os próximos grandes sucessos de Hollywood, precisará comprar um ingresso. Talvés até pague mais caro para assistir um filme 3D. Recentes pesquisas revelam que o público geral estaria disposto a pagar mais para ver os filmes com esse novo recurso. Portanto, preparem o bolso. 2009 é logo ali.
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